Estou com Câncer… Como contar para as pessoas que amamos sem fazê-las sofrer?
Depois que superamos o baque do diagnóstico, passada a fase do desespero, temos vários desafios a superar: O medo do tratamento e dos efeitos colaterais, do futuro, de morrer…
Sem sombras de dúvidas, um dos maiores desafios que precisamos enfrentar é saber como e quando vamos contar para os nossos familiares, companheiro, filhos e amigos que estamos com Câncer.
Qual a melhor forma de contar para que a gente minimize o sofrimento das pessoas que amamos?
Sim, porque eles certamente irão pensar da mesma forma que nós, quando descobrimos a doença: Vamos morrer !
Contar para a minha família que eu estava com Câncer foi, certamente, um dos momentos mais difíceis da minha vida, depois de descobrir que tinha Câncer.
Nesse Artigo, eu vou compartilhar um trecho do meu livro (que será publicado em breve), onde eu confidencio como foi o dia que eu falei do meu diagnóstico para a minha mãe:
Era chegada a tão temida hora. Tinha que contar para minha mãe que fui diagnosticada com câncer .
Pensei em várias maneiras de falar para tentar suavizar a notícia.
Mas não tem jeito, nenhuma mãe está preparada para ouvir que o seu filho tem câncer.
Os pais adoecerem e/ou falecerem antes dos filhos é a ordem natural das coisas. E não o contrário.
E minha mãe é de uma época em que nem se falava a palavra câncer.
Era : -fulano tem “aquela doença”. Tinha acabado de chegar de viagem da Alemanha , onde passei quase dois meses para me tratar, sem que ela soubesse.
Estava recém mastectomizada. E Por conta dos fusos horários , passei o dia dormindo no sofá da sala , com o meu cachorro me velando, para matar a saudade.
Quando acordei , aproveitei que minha irmã e meu cunhado estavam reunidos à mesa lanchando , tomei coragem e fui direto ao assunto:
– Mãe, te falei que iria estender as minhas férias para fazer um curso, mas menti.
Na verdade, descobri que eu tinha câncer. Fiquei mais tempo que o planejado, porque decidi fazer a cirurgia lá , e agora vou terminar o tratamento aqui.
Seus olhos marejados, não derramaram nenhuma lágrima, como eu temia.
Não sei qual seria a minha reação se visse a minha mãe chorar por minha causa.
Sua expressão , se não fosse pelos olhos marejados, permaneceu congelada . Como quem ainda está tentando se recuperar do impacto.
Minha irmã começou a tagalerar numa tentativa de tornar o clima do ambiente menos pesado, mostrando que a situação não era tão grave quanto parecia:
– O pior já passou. Ela já fez a cirurgia e tirou o tumor .Na semana que vem, ela vai começar a quimioterapia para a doença não voltar…
E meus olhos vidrados nos da minha mãe… Tentando decifrar o que estava passando na cabeça dela … E ela ali, imóvel .
A única coisa que conseguiu falar, depois que se refez, foi: – Eu vou cuidar de você…
E por acaso tem outra coisa que mãe sabe fazer melhor?
E meus olhos vidrados nos da minha mãe… Tentando decifrar o que estava passando na cabeça dela … E ela ali, imóvel .
A única coisa que conseguiu falar, depois que se refez, foi: – Eu vou cuidar de você…
E por acaso tem outra coisa que mãe sabe fazer melhor?
Estou com Câncer… Como contar para as pessoas que amamos ?
Não existe uma fórmula para a gente jogar essa bomba no colo das pessoas que nós amamos.
Você pode designar uma pessoa de sua confiança para comunicar os familiares.
Eu pedi que minha irmã conversasse com meu pai e irmão.
Você pode reunir a família e contar para todo mundo de uma única vez . Porque cá entre nós, dependendo do tamanho da família e do seu círculo de amizades, é um saco a gente ter ficar repetindo a mesma história (sofrida) centenas de vezes.
O importante é que você seja honesta com seus sentimentos e fale apenas quando se sentir preparada.
–Estabeleça limites. Todo mundo tem um inconveniente na família. Aquele tipo que tem sempre uma história de alguém que morreu de câncer, mas antes sofreu horrores…
Sem falar daqueles falsos amigos que estão mais interessados em saber quanto tempo você tem de vida do que como você está. Não pense duas vezes antes de dar limites a essa gente. Esse não é o momento de você ser fofa e delicada.
Deixe claro que nesse momento da sua vida você precisa de ajuda, apoio e motivação e se essas pessoas não podem te oferecer isso, é melhor que elas se afastem. Simples assim!
–Peça e aceite ajuda. Você vai precisar! Esse também não é momento de ser orgulhosa. Ao contrário, é bom a gente se sentir querida e cuidada.
Não se assuste se o seu círculo de amizades diminuir de tamanho. Por outro lado, ele vai crescer em qualidade. infelizmente alguns amigos e familiares poderão se afastar. Mas os que ficarem são aqueles que você de fato poderá contar.
Conversando com o companheiro
Não importa se você está casada há anos ou apenas namorando, você vai ter que contar para o seu companheiro.
-Seja clara.Fale tudo o que sabe sobre o seu diagnóstico e protocolo de tratamento, convide-o para te acompanhar nas consultas.
-Seja honesta quanto aos seus sentimentos e inseguranças. Agora não é hora de bancar a “mulher- maravilha”.
-Peça ajuda. Se estiver difícil ( e muito provavelmente vai estar), peça colo. Busque o apoio do seu companheiro, mas tenha sabedoria para não sobrecarregá-lo.
– Seja parceira. Lembre-se que é você que está doente. Mas não está sendo nada fácil pra ele também… Esse é um momento que você precisa se priorizar, Ok! Mas não permita que o seu relacionamento adoeça junto com você!
– Prepare-se para as mudanças na rotina do casal. Elas certamente virão! A primeira coisa que com certeza irá mudar é o sexo.
Sinto informar que a libido vai desaparecer e com o tratamento puxado quem pensa em sexo? Muito provavelmente o seu companheiro…hehe!
Já falei sobre essa questão no Artigo: Existe vida sexual após o diagnóstico?
Mas não custa repetir que o diálogo nessa fase é fundamental!
– Se você for casada, converse também sobre as tarefas domésticas, o cuidado com os filhos , etc. Panejem como vocês irão administrar todas essas questões mais práticas durante o seu tratamento.
Conversando com os filhos
-Planeje a conversa. A forma como você irá contar para seus filhos depende de que idade elas têm. Mas independente da idade, pense na melhor forma que você pode contar para eles.
-Seja direta e aja com naturalidade. Explique que você está doente, que tem câncer.
Essa parte é importante: não há porque você não mencionar CÂNCER. Algumas pessoas têm diabetes, outras tuberculose e você tem Câncer. Câncer é uma doença como muitas outras e se você agir com naturalidade, as crianças irão encarar o seu diagnóstico com naturalidade também.
Explique o que é o câncer em uma linguagem que ela consiga entender, como vai ser o tratamento, especialmente os efeitos colaterais, deixe que ela absorva a notícia e tire dúvidas.
-Não esconda nada. É natural que quando as crianças são muito pequenas os pais queiram poupá-las e escondem o diagnóstico. Mas elas irão perceber a mudança na sua aparência, na rotina da casa,no seu comportamento e podem se sentir ainda mais inseguras que se soubessem da verdade, imaginando algo ainda pior que o câncer.
Por outro lado, se você compartilha esse momento delicado da sua vida com elas, você estará estabelecendo um vínculo de confiança com elas. Elas se sentirão incluídas.
E acredite, as crianças normalmente sabem lidar os desafios da doença com muito mais leveza que nós!
-Mantenha a rotina das crianças. Muita coisa já vai mudar… Então, se possível, preserve ao máximo a rotina dos seus filhos.
-Conte para as pessoas que convivem com seus filhos: professores, babás, parentes,etc. Elas precisam estar cientes caso percebem alguma mudança de comportamento nos seus filhos.
E por outro lado, pode ser que seu filho se depare com a forma como a sociedade encara o câncer.
Como por exemplo, a filha de uma amiga que também estava em tratamento que voltou da escola chorando porque a coleguinha disse que se sua mãe tinha câncer, iria morrer…
Por isso, é importante VOCÊ contar para ele e prepará-lo emocionalmente.
Nesse Blog muito bacana, chamado careca é a mãe, tem um Artigo, chamado: Mamãe tem um dodói no peito, na qual a autora compartilha como contou para a sua filha de 4 anos que tinha câncer.
Decida para quem contar
Ninguém está livre de ter um câncer. Portanto, não tenha do que se envergonhar.
Porém, Lembre-se que você não é obrigada a contar pra todo mundo.
Especialmente para pessoas que não são íntimas. Sinta-se a vontade para dizer algo do tipo: Me desculpe, mas não é da sua conta!
Afinal, Essa é a sua vida!
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Essa é a minha Mentoria em grupo para ajudar outras pessoas a superarem o diagnóstico com mais clareza e autoconfiança.❤️
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