Descubra como parar de sofrer com os efeitos colaterais dos medicamentos e ajudar seu corpo a recuperar a saúde através da alimentação

Quimioterapia branca: Saiba o que é, como funciona e seus efeitos

Tempo de leitura 10 minutos

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Ai ai, a tão temida quimioterapia. Sabemos como os cabelos são tão importantes para a nossa autoestima, e que os filmes sobre câncer da sessão da tarde já nos assustaram bastante quando o assunto é tratamento oncológico, mas a quimioterapia, apesar de não ser nada divertida, não precisa ser um bicho de sete cabeças. Por isso, irei te contar um pouco sobre a quimioterapia branca.

 

Aqui vou te contar como lidei com o meu tratamento de quimioterapia branca e qual a diferença entre os efeitos colaterais da quimioterapia vermelha e branca, dessa forma, você poderá começar a sua quimioterapia mais preparado.

 

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Vamos nessa juntos? | Giphy

 

O que é quimioterapia branca 

Muitas pessoas não sabem, mas a quimioterapia branca é simplesmente o nome dado para medicamentos específicos que agem no corpo de forma a atacar tumores malignos. Esses medicamentos são vendidos como ampolas injetáveis e só devem ser administrados por médicos em um ambiente controlado. A escolha dos quimioterápicos, sua forma de aplicação e dosagem são cuidadosamente selecionados. 

 

Usos da quimioterapia branca 

O tratamento com quimioterapia branca serve para:

  • Diminuir um tumor antes da cirurgia, facilitando a sua retirada;
  • Desacelerar o crescimento e multiplicação de um tumor;
  • Fazer uma limpa no organismo após a remoção do tumor (para garantir que não haja resquícios dessas células, e assim evitando uma incidência tumoral);
  • Tratamento complementar da quimioterapia vermelha.

 

Tipos de câncer 

A quimioterapia branca é bastante efetiva em tratamentos contra o câncer de ovário, útero, próstata, bexiga, esôfago, pulmão de células não pequenas e sarcoma de Kaposi. Também atua bem como tratamento complementar para câncer de mama e outras neoplasias. Geralmente a soma de tratamentos diferentes costuma trazer resultados melhores. No entanto, esse tratamento não é indicado em grávidas, em quem tem alguma alergia aos componentes desses quimioterápicos e em quem possui alterações nos rins, sangue, fígado e sistema nervoso.

 

Diferença entre quimioterapia branca e vermelha 

Quando ouvimos falar em quimioterapia vermelha e branca, automaticamente associamos a vermelha a algo mais intenso com mais efeitos colaterais. Mas não é por causa disso, na verdade, a única coisa que as cores dizem sobre a quimioterapia é, literalmente, a cor dos remédios que elas usam.

 

Os medicamentos da quimioterapia vermelha são as antraciclinas que possuem cor avermelhada, já os da quimioterapia branca englobam uma série de remédios sem cor entre eles o taxanos, a vinorelbina, a gencitabina, o docetaxel e taxol (ou paclitaxel), apesar que eles mudam de cor quando dissolvidos. 🤔

 

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Uma coisa meio Matrix né? | Giphy

 

A diferença marcante entre essas duas modalidades fica por conta da administração medicamentosa. Enquanto a aplicação da vermelha se dá exclusivamente pela veia (endovenosa), a branca pode ser administrada pela veia, músculo, pelo canal raquidiano e pelo tecido adiposo. No geral, cada paciente possui um tratamento personalizado visando a sua situação específica. Esse tratamento pode ser combinado com a quimioterapia vermelha, com a radioterapia, com uma cirurgia. Por isso, cada caso é um caso. Ironicamente, quando fiz quimioterapia branca achei menos intensa que a vermelha.

 

Como funciona a quimioterapia branca 

Cada quimioterápico deve ser consumido por um certo período e com intervalos de tempo dedicados ao descanso, este que é super necessário para a recuperação do organismo.

 

A única medicação que não é aplicada em ciclos é a dada pela via oral. O período de aplicação dependerá do medicamento utilizado, podendo ser feito de maneira semanal ou a cada três semanas, por exemplo. A dosagem da quimioterapia branca é manipulada por farmacêuticos e, como já comentei aqui, só pode ser aplicada por médicos em um hospital ou clínica, sendo por vezes necessária a internação do paciente para conter os efeitos colaterais chatinhos que aparecem.

 

Mas antes que você se apavore, deixa eu te falar que fiz 12 ciclos semanais de taxol e tive alguns efeitos colaterais que consegui contornar e não precisei me internar nenhuma vez. 

 

Métodos de aplicação

Além de tomar um comprimido ou remédio líquido o paciente pode ser medicado de maneira:

  • Intravenosa: aplicada através de cateter ou injeção na veia;
  • Intratecal: aplicada no líquido da espinha, sendo essa aplicação pouco comum e feita em um centro cirúrgico;
  • Intramuscular: aplicada através de uma injeção muscular;
  • Subcutânea: aplicada através de uma injeção no tecido gorduroso localizado acima do músculo.

 

Efeitos da quimioterapia branca 

Os efeitos colaterais da quimioterapia vermelha e branca se dão pelo fato de que ao entrar no organismo, os quimioterápicos acabam atingindo as células saudáveis também, gerando alguns sintomas. No entanto, isso não deve ser um alerta vermelho visto que ao contrário das células malignas que tendem à multiplicação e não a regeneração, as células saudáveis conseguem se regenerar após sofrer danos pela quimio. As malignas, não.

 

Se os efeitos da quimioterapia branca serão maiores ou menores irá depender do tamanho da dosagem, do organismo do paciente, seu peso e altura, do tipo de câncer e órgão atingido.

 

Bom lembrar que esses efeitos colaterais somem em um curto período de tempo e podem ser controlados por profissionais e até mesmo por você de acordo com seus hábitos de vida amenizando seus efeitos no corpo. 

 

Reações comuns 

A quimioterapia acarreta uma queda da defesa do organismo contra infecções, diminuindo o número de glóbulos brancos que são tão necessários a essa função. Alguns quimioterápicos como paclitaxel e docetaxel podem incentivar uma neuropatia que é quando há disfunções em alguns nervos gerando formigamento, adormecimento e outras alterações motoras, além de dores musculares e articulares.

 

É comum que pacientes oncológicos apresentem vômito, náusea, diarréia, fadiga, retenção de líquidos, alterações no paladar, ressecamento da pele e a tão famosa queda de cabelo. Além disso, cada remédio e dosagem pode afetar o humor do paciente. No entanto, o tratamento não é como uma bula de remédio para fazer você passar por todos os sintomas, não é mesmo? Cada organismo sofrerá variações. Não se esqueça que tudo tem prazo de validade e assim que terminarem as sessões você poderá se sentir revitalizado de novo.

 

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No final do dia, de algum jeito, vai tudo ficar bem | Giphy

 

Meu processo

No meu processo de quimioterapia branca fiz uso quase exclusivo do taxol (remédio que possui paclixel, agente de ação antitumoral). Ele foi aplicado na minha veia durante três meses, divididos em 12 ciclos semanais e cada infusão durou em torno de 3 horas, mas posso dizer que foi mais tranquilo do que eu esperava. O que incomodava mesmo era a acidez do líquido na minha veia. Ainda bem que eu tinha um super -hiper-mega enfermeiro que deixava o remédio correr junto com soro fisiológico nas minhas veias, aliviando a ardência. Fora isso, eu não tive muito desconforto. Mas claro, tive fadiga, insônia, boca seca e muitas modulações de humor: tinha dias que eu chegava a ficar super eufórica e outros dias, bem mal. A boa notícia é que passa!

 

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Eu a 200k por hora, usando taxol: | Giphy 

 

Dicas de cuidados após a quimioterapia branca

 

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“Nós precisamos trabalhar juntos” | Giphy

 

Hidratação

Usando o taxol, eu percebi minha boca e garganta secarem, ficava até com pigarro e uma tosse super irritante. Foi então que percebi que quanto mais eu bebia água pela manhã menos eu me sentia desconfortável usando o taxol. Minha nutricionista recomendou que eu bebesse 4 litros de água todos os dias, e isso me ajudou a passar por todos os tratamentos, incluindo quimioterapia vermelha e radioterapia mais tranquilamente. Eu levo esse hábito comigo até hoje e assim mantenho minha pele e cabelos sempre maravilhosos. Outra coisa que me ajudou bastante a passar por todo esse processo, foram os cuidados com minha alimentação, todos bem direcionados pela minha nutricionista. Falarei mais sobre esse assunto a seguir.

 

Nutrição

Uma coisa que ajuda a diminuir os enjoos é comer pequenas porções leves ao longo do dia. Procure seguir à risca os conselhos de um nutricionista oncológico e nada de alimentos hiper processados e nem um monte de besteiras. Além disso, eu recomendo que coma somente uma hora após a quimioterapia, já que a tendência é a boca ficar mais sensível. Evite alimentos inflamatórios, ácidos, apimentados e muito salgados. Não me perguntem o porquê mas comer alimentos gelados diminuiu e muito os meus enjôos.

 

Exercícios 

Eu sei que é contraditório esperar que um paciente oncológico que costuma ter bastante fadiga faça exercícios. Eu não estou falando para você correr uma maratona, mas se esforçar para fazer uma caminhada todos os dias foi o que melhorou a minha circulação, diminui os inchaços, cansaço e até algumas dores no corpo.

 

Distração

Remédios usados para a quimioterapia branca podem dar desde fadiga à insônia. O que funcionou para mim nessas horas pode parecer besteira, mas é aquele ditado “mente vazia oficina do diabo”, e nem precisa ser literalmente. Nos momentos em que sensações incômodas invadiam o meu corpo e mente, quando tinha dores, cansaço ou não conseguia dormir, eu aproveitava para ver um filme, ler e até escrever durante minhas noites em claro. Quis garantir que minha vida não ficasse parada em meio às sensações ruins e assim deu certo.

 

 

Depoimentos das minhas alunas queridas 

Nesse texto fiz questão de trazer informações técnicas, mas também íntimas, baseadas na minha própria experiência. Mas como cada percepção nessa vida é única, pedi para que minhas alunas do Programa Câncer com leveza trouxessem um pouquinho da história delas com a quimioterapia branca. Dá uma olhada:

 

 

Andréa Ferreira Teixeira – Porto Alegre 

Câncer de Mama Infiltrante grau 3. Lado direito. Luminal B

 

“Coloquei catéter e penso que isso foi bem positivo. Fazia químios vermelhas a cada 3 semanas. E as brancas, toda semana. Eu tive enjoos, cansaço e muita dor de cabeça durante as quimioterapias. Efeitos colaterais amenizados pelas caminhadas e alongamentos e pelos cuidados rigorosos com a alimentação. Além disso, encarar a químio como uma aliada também foi importante. No início do tratamento, a mastologista disse que eu teria que tirar toda a mama, devido ao tamanho do nódulo. Porém, como comecei com a quimio, o tumor desapareceu totalmente e então fiz a cirurgia conservadora, de quadrante somente. 

 

A radioterapeuta comentou que isso acontece somente em 30% dos casos. Isso me deixou muito feliz. Acredito que, quando colocamos foco e intencionalidade no tratamento, sem dúvida o sucesso é maior e mais abrangente. Além de participar do programa Câncer com Leveza, eu também fiz um tratamento espiritual em conjunto com o tratamento convencional. Sem dúvida, foram aprendizados que levo para a vida.” 🥰

 

Além do tratamento, Andréa cuidou do seu lado espiritual e participou do meu Programa Câncer com leveza. | Foto: Reprodução de imagem autorizada.

 

Valéria – Rio de Janeiro 

Câncer de mama triplo positivo. 

“Eu fiz essa (terapia com Taxol) junto com outras brancas. Foi melhor que a (quimioterapia) vermelha, mas tive muito ressecamento das mucosas, dor nas juntas que duraram bastante tempo e o taxou manchou minha pele. Tem que usar protetor solar e sombrinha. Cada quimioterapia tem suas reações. O ressecamento tem que esperar, não tem jeito. As dores melhorei com pilates. E as manchas ficaram.”

 

Valéria não dispensava cuidados básicos como protetor solar e sombrinha. | Foto: Reprodução da imagem autorizada.

 

Elaine – São Paulo Capital

“Comparando a quimioterapia branca com a quimioterapia vermelha, me sinto no paraíso. Mas ela tem lá seus incômodos. São 12 ciclos, mas já fiz 8. Mais que ansiosa pra acabar. 

 

Faço quimio toda segunda. Só me sinto dopada, um sono que não é de mim. Mas chego em casa, me alimento, durmo um pouco e estou ótima. Terça- feira é o melhor dia da semana para mim, me sinto ótima, disposta. Nos primeiros ciclos o intestino não se decidia o que queria da vida. Mas ele foi se “acertando” e hoje ele quer sair. Não tenho diarreia, mas ele funciona demais da conta. Dia e noite. Vem uma cólica intestinal e ele se mostra. É ruim? Não vou dizer que amo, mas seria pior se fosse intestino preso.

 

Elaine tentava levar o tratamento da forma mais leve possível. | Foto: Reprodução da imagem autorizada.

 

Eu andava brigando muito com ele, o intestino, mas resolvi fazer as pazes. É um dos efeitos da quimioterapia e brigar só me estressava mais. Aceito que na quarta-feira e quinta-feira preciso ficar em casa. Sair não é opção. Porém na sexta-feira ele começa a se normalizar. E a vida segue. Na sexta fui fazer minhas coisas. Fui pra fisioterapia, mercado, exame de sangue, limpei a casa, cozinhei. Hoje me sinto muito cansada mas aprendi a respeitar isso também, a respeitar meu corpo. 

 

Pessoas que não passam por quimio não tem o pique que tenho. Assim que percebo que estou me cansando, paro, descanso e durmo. Delegar não dá porque sou eu e os gatos. Entrego para Deus e tem dado certo. Com tudo isso não consigo dar uma alimentação de qualidade como gostaria. 

 

Sempre priorizei frutas, legumes, hortaliças, mas agora o cuidado é maior. Tenho acompanhamento com nutricionista. Alimentos integrais, com muita fibra precisam ser dosados. Claro que preciso de fibras, mas na medida certa para não desandar mais o intestino. Tomo bastante água para ajudar no trânsito intestinal e vou me cuidando. Sei que há mulheres que nunca tiveram sintomas na (quimioterapia) vermelha e nem na branca. Abençoadas. Outras convivem com sintomas mais ” tensos”. 

 

Mas aprendi a respeitar a todas e acolher a minha dor. Sou muito grata e minha vida não parou. Claro que há dias que me sinto mais esgotada, outros na maior animação, mas acho que é assim na vida. Saio para as atividades normais de dona de casa. Vou cuidar da alma. Vou a todos os médicos. 

 

Faço todos os exames. Vou para fisioterapia, mercado, feira. Encontro com amigas e família. O câncer nunca me teve. O tumor já não faz parte de mim. E sei que quando tudo isso passar, a alimentação e atividade física vão ser para vida. Sono, meditação e hidratação já fazem parte da rotina. Acreditem, há vida com o câncer e após ele. E eu me analiso, me descubro, me redescubro a cada dia. Sei onde adoeci. Hoje me priorizo. Não digo que agradeço ao câncer, mas foi ele que me fez ter um novo e mais amoroso olhar sobre e para a vida. Para o outro. Para mim.”

 

Vânia Nogueira – Rio de Janeiro 

Carcinoma Invasivo não especial na mama esquerda e Carcinoma in Situ na mama direita. 

Mastectomia bilateral, esvaziamento axilar, retirada de 18 linfonodos e metade de um linfonodo comprometido. 4 ciclos de quimioterapia branco com Taxol e Ciclofosfamida.

 

Efeitos colaterais: queda de cabelo e muita fadiga.

 

“Não tive os demais efeitos colaterais pois fiz uso de cannabis medicinal e retirei o glúten, alimentos lácteos, alimento cru, cafeína, refrigerantes e embutidos antes de iniciar a quimioterapia. Fiquei tão cansada que não conseguia caminhar. O corpo só pedia cama.”

 

Mudança de hábitos de Vânia ajudou a diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia. | Foto: Reprodução da imagem autorizada.

 

Fátima Castro – Alagoinhas, Bahia 

Câncer de Mama Luminal B infiltrante grau 3. Esvaziamento axilar, retirada de 16 linfonodos e 3 comprometidos. 6 ciclos de quimioterapia branca a cada 21 dias.

 

“Efeitos colaterais: muita dor nas articulações, muitas dores nas pernas, fadiga, pressão baixa, dor abdominal e alguns episódios de diarréia. Para amenizar os efeitos da quimioterapia branca eu tomava bastante água de coco, comia mais frutas e verduras, fazia caminhada todos os dias.”

 

Fátima fazia caminhada todos os dias durante a quimioterapia. | Foto: Reprodução da imagem autorizada.

 

 

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Vamos mudar nossos hábitos? | Giphy 

 

Viu só como cada experiência é única e como algumas escolhas melhores ajudam no processo de adaptação à quimioterapia?

 

Se você chegou até aqui, deixo também um vídeo contando mais da minha jornada na quimioterapia branca usando o Taxol. Dá uma olhada: 

 

 

 

Você também encontra vários artigos no blog sobre quimioterapia branca e vermelha, clicando aqui você terá todos os artigos.

 

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Um abraço ❤️ | Giphy

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