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Hormonioterapia no Câncer: Papel e Benefícios no Tratamento 

Tempo de leitura 6 minutos

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Nem só de quimioterapia e radioterapia é feito o tratamento oncológico. A hormonioterapia é uma das abordagens mais recentes que visa, em conjunto com outros tratamentos eliminar células cancerígenas impulsionadas por desvios hormonais.

A medicina está evoluindo e, hoje, o leque de tratamentos contra o câncer está bem maior.

Vou contar um pouquinho do que aprendi sobre hormonioterapia. Continue lendo.

O que é hormonioterapia?

Primeiramente precisamos entender como de fato atuam os hormônios no organismo.

Os hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas endócrinas no corpo. Eles são mensageiros químicos que regulam diversas funções corporais, como crescimento, metabolismo, reprodução, entre outros.

Os hormônios sexuais, especificamente, desempenham um papel importante no desenvolvimento e funcionamento dos órgãos sexuais e características sexuais secundárias. Nos homens, os principais hormônios sexuais são a testosterona e a diidrotestosterona, produzidas nos testículos. Já nas mulheres, os principais hormônios sexuais são o estrogênio e a progesterona, produzidos nos ovários.

Eles são fundamentais para a saúde e o funcionamento adequado do corpo, desempenhando papéis essenciais na regulação do ciclo menstrual, na gravidez e na função sexual.

No entanto, em alguns casos, desequilíbrios ou alterações na produção, na regulação ou na resposta a esses hormônios podem desencadear o desenvolvimento de câncer.

Por exemplo, no câncer de mama, a exposição prolongada a altos níveis de estrogênio pode aumentar o risco de desenvolvimento da doença. Isso pode ocorrer em situações como a menarca precoce (primeira menstruação) ou a menopausa tardia, que prolongam o tempo de exposição ao estrogênio ao longo da vida de uma mulher.

Da mesma forma, no câncer de próstata, a testosterona pode estimular o crescimento das células da próstata. Embora a testosterona seja essencial para a função normal da próstata, em alguns casos, alterações genéticas ou outras condições podem fazer com que as células da próstata se tornem sensíveis a ela, levando ao crescimento descontrolado e ao desenvolvimento do câncer.

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Hormonioterapia contra o câncer. | Foto: Freepik.

Como o próprio nome sugere, na hormonioterapia são utilizados medicamentos para interferir em alterações hormonais e até mesmo causar um bloqueio hormonal relacionado àquele tipo específico de câncer.

Ou seja, esse tratamento é unicamente direcionado para tipos da doença onde há influência dessas alterações como câncer no endométrio, câncer de próstata e câncer de mama. Ela pode ser combinada com outras abordagens mas só pode ser utilizada caso haja ao menos um receptor hormonal positivo para a doença.

Trata-se de uma contenção dos hormônios que são responsáveis por acelerar o crescimento das células malignas. Esse processo se chama “privação”. Também pode ser inserido no organismo uma substância de efeito contrário ao hormônio prejudicial.

Esses hormônios podem ser contidos por meio de medicações diárias, injeções subcutâneas mensais ou trimestrais.

A hormonioterapia é muito utilizada antes de uma cirurgia oncológica de forma a facilitar a operação por meio da redução de tumores.

Em algumas situações a cirurgia de remoção do órgão que produz os hormônios afetados pelo câncer, como a orquiectomia (remoção de testículos) e a ooforectomia (remoção dos ovários) também são realizadas.

Claro que, como qualquer tratamento, há uma listinha de efeitos colaterais também.

Os efeitos adversos da hormonioterapia podem incluir mudanças de humor, perda de libido, fadiga, ganho de peso e, em alguns casos, se osteoporose. É importante discutir os benefícios e riscos da hormonioterapia com a equipe de saúde para determinar uma abordagem mais benéfica e segura.

Inclusive, você pode gerenciar efeitos mais leves como a fadiga com a ajuda de uma alimentação saudável e intencional. Saiba um pouquinho sobre a importância de uma alimentação anticâncer clicando aqui.

Eu, por exemplo, aprendi a me alimentar muito melhor durante meu tratamento!  | Foto: Acervo Pessoal.

Qual o papel da hormonioterapia no câncer de mama?

É importante associar a hormonioterapia diretamente ao tratamento de câncer de mama pelo simples fato de que cerca de 67% dos cânceres de mama são positivos para receptores hormonais.

Aqui, a  hormonioterapia funciona bloqueando os efeitos dos hormônios femininos no corpo, impedindo que eles estimulem o crescimento de tumores. Existem diferentes tipos de hormonioterapia para o câncer de mama, incluindo:

 

Inibidores de aromatase

Estes medicamentos impedem que o corpo produza estrógeno. Eles são usados principalmente em mulheres pós-menopausa.

Quando os ovários já não estão funcionando adequadamente ainda há uma pequena produção de estrogênio por meio de uma enzima chamada aromatase. É aí que os inibidores entram: Anastrozol, Letrozol ou Exemestano. Ambos administrados oralmente.

 

Moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs)

Os SERMs bloqueiam os efeitos do estrogênio nas células cancerígenas da mama. Em compensação eles agem como estrogênio em outros órgãos, como ossos e útero. 

O tamoxifeno é frequentemente usado em mulheres pré-menopausa e pós-menopausa e sua ação também é indicada para quem não desenvolveu a doença mas corre o risco de desenvolver devido a má regulação hormonal.

É comum que mulheres utilizem o tamoxifeno entre cinco a dez anos após o fim do tratamento oncológico para evitar recidivas. 

 

Moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERDs)

Estes medicamentos também bloqueiam os efeitos do estrogênio nas células cancerígenas da mama, mas de uma maneira ligeiramente diferente dos SERMs. Ele bloqueia e elimina os receptores de estrogênio, atuando em todo o organismo.

O fulvestrano atua em cânceres avançados que não foram tratados por outras terapias hormonais, que não responderam aos tratamentos ou ainda em combinação com outras medicações e inibidores.

 

Ablação ovariana

A ablação ovariana é um procedimento que envolve a remoção ou supressão da função dos ovários. Esse procedimento pode ser realizado cirurgicamente (remoção dos ovários) ou por métodos menos invasivos, como a radioterapia ou a embolização (bloqueio dos vasos sanguíneos que irrigam os ovários).

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Por meio da ablação ovariana é possível reduzir substancialmente o risco de recorrência do câncer.  | Foto: Freepik.

Quais os benefícios desse tipo de tratamento?

Além de diminuir ou impedir o crescimento de células cancerígenas sensíveis a hormônios. A terapia hormonal tem forte atuação na prevenção de metástases após a cirurgia ou juntamente a outro tratamento principal.

Ela pode ser usada em diferentes estágios do câncer, seja no tratamento primário para encolher o tumor antes da cirurgia, em tratamento adjuvante após a operação para reduzir o risco de recorrência ou no tratamento paliativo para aliviar sintomas em estágios avançados.

 

Quais as diferenças para a quimioterapia?

A hormonioterapia e a quimioterapia são dois tipos de tratamento com diferenças significativas em termos de mecanismo de ação, indicações e efeitos colaterais. Além disso, como esclareci, a terapia hormonal está diretamente ligada a cânceres desencadeados por alterações hormonais, não sendo efetivo para outros tipos.

Aqui estão algumas das principais diferenças entre os dois:

 

Mecanismo de ação

  • Hormonioterapia: A hormonioterapia funciona bloqueando os efeitos dos hormônios que estimulam o crescimento das células cancerígenas. Ela é usada no tratamento de cânceres sensíveis a hormônios.
  • Quimioterapia: A quimioterapia utiliza medicamentos que atacam e destroem as células cancerígenas em todo o corpo. Ela é usada principalmente no tratamento de cânceres que não são sensíveis a hormônios ou em combinação com outros tratamentos para cânceres sensíveis a hormônios.

 

Indicações

  • Hormonioterapia: Indicada principalmente para câncer de mama, de próstata e de endométrio.
  • Quimioterapia: Pode ser usada no tratamento de uma variedade de cânceres, tanto sensíveis quanto não sensíveis a hormônios, em diferentes estágios da doença.

 

Efeitos colaterais

  • Hormonioterapia: Geralmente causa menos efeitos colaterais do que a quimioterapia. 
  • Quimioterapia: Pode causar uma variedade de efeitos colaterais, incluindo náuseas, vômitos, perda de cabelo, fadiga, baixa contagem de células sanguíneas e maior risco de infecções.

 

Administração

  • Hormonioterapia: Pode ser administrada por via oral (comprimidos) ou por injeção, dependendo do medicamento.
  • Quimioterapia: Geralmente é administrada por via intravenosa, embora também possa ser administrada por via oral ou por injeção, dependendo do medicamento e do tipo de câncer.

 

É sempre bom lembrar que cada tratamento é único e individualizado e pode envolver uma combinação de diferentes terapias, incluindo a hormonioterapia, a quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia, dependendo do tipo e estágio do câncer e das necessidades do paciente. O médico oncologista é quem determina o melhor plano de tratamento. 

Se você descobriu que tem câncer, te convido a ler um pouquinho mais sobre tratamentos e soluções dentro da medicina oncológica, bem como atitudes proativas que podem ser realizadas durante o tratamento.

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