“Eu não vou entregar a minha vida para um tumor” – Lilian Craveiro

O câncer nos arranca muitas coisas, a começar pelos cabelos. Mas se nos fecharmos em nosso casulo, e nos isolarmos além do que a doença nos impõe,  não perceberemos que coisas boas também acontecem.

Como, por exemplo, pessoas extraordinárias que tenho conhecido e novas amizades que tenho feito neste período. Sim, algumas mulheres, como a Lilian, eu tenho orgulho de ter cruzado na minha jornada e quero partilhar sua história com vocês.

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Meu nome é Lilian Craveiro, sou carioca, tenho 34, sou casada há 11 anos e temos dois filhos. Sou cristã protestante, o que chamam de evangélica! Rs. Sou supervisora de vendas, trabalho nos ministérios de família em minha igreja.

Além de mãe e esposa, sou filha, tia, dinda, irmã, cunhada e amiga 24h! Ufa! Acho que isso explica um pouco as minhas olheiras!

Em agosto de 2014, então com 33 anos, tudo estava perfeitamente no seu lugar!

Chegamos em casa, depois de um sábado lotado de atividades. Ao tirar o sutiã para tomar meu banho, senti uma fisgada no seio. Levei minha mão até a mama e senti algo inacreditável: um grande caroço!

Mas como assim? Da noite pro dia? Dormiu sem e acordou com esse caroço? Como nunca percebi isso antes?

Essas e outras muitas perguntas, eu me fiz na fração de segundo, entre tocar o seio e perceber que tinha algo completamente errado!

Lembro como se fosse hoje… Encostei a minha cabeça no armário e senti o chão se abrir sob os meus pés. Meu marido, que viu toda a cena, perguntou: – o que houve? Eu, processei todas as informações, que meu coração e minha razão trocaram naquele instante, e respondi: – Houve que o gato subiu no telhado!

Isso mesmo! Não com pessimismo (que não faz meu tipo), mas discernindo tudo que o Senhor vinha me dizendo (preparando) nos últimos tempos! Foi algo do tipo: Ah! Então era isso que Deus estava querendo me dizer?!

Na segunda-feira seguinte, as 7h da manhã, cheguei ao consultório da minha ginecologista. Ela bem que tentou disfarçar, mas lá estava o tal tumor, com seus 5cm, bem no quadrante superior da mama esquerda.

Ela passou a mamografia, que desci correndo e implorei um encaixe no laboratório. É claro que também implorei pelo resultado antecipado, e dois dias depois, sentada sozinha na cadeira do tal laboratório, li as inesquecíveis palavras: ÁREA NODULAR PALPÁVEL, MICROCALCIFICAÇÕES PLEOMÓRFICAS, BI-RADS 5! (veja o que significa Bi-rads aqui)

A primeira coisa que pensei? – Eu já sabia!

A segunda? Bem, a segunda foi uma avalanche… Vou morrer? E meus filhos? Meu marido? Meus pais? E agora? O que vai acontecer?

Levantar da cadeira, subir de elevador até o consultório da ginecologista, ouvir que indicava 95% de chance de malignidade, andar até o carro… Sabe piloto automático? Foi assim.

Palavras não são capazes de expressar meu total descontrole, misturado ao meu choro compulsivo.

Fiz umas ligações e meu irmão mais novo veio, como por teletransporte, de tão rápido.

Na semana seguinte eu já tinha feito a biópsia e, claro, peguei o resultado antecipado… Lá estavam as seguintes palavras, em forma de sentença de morte: CARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE GRAU III.

O Mastologista que me atendeu, achou melhor, pelo tamanho do tumor, fazer quimioterapia antes da cirurgia, pois o tamanho do tumor não era “favorável”. Seriam 4 vermelhas, sendo 1 a cada 21 dias, depois quadrantectomia.

Mais uma vez saí do consultório em choque! Em transe! Com a sensação de que a morte seria questão de tempo, e pouco tempo.

Lembro que atravessei a cidade, junto com o meu marido, andei de metrô lotado, pegamos o carro a seguir… E eu não pronunciei palavra alguma! Estado de choque!

E agora Deus? Então acaba assim? Se eu morrer, meu filho de 3 anos nem vai lembrar da minha voz, do meu toque, do meu colo… E minha menina? Quem vai aconselhar a minha menina que só tem 10 anos, quando ela tiver o primeiro amor? Quem vai segurar seu buquê no dia do seu casamento?

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Eram tantas perguntas sem respostas, tantos medos, tanto vazio no meu coração… Como eu chegaria em casa desfigurada pelo choro, se meus filhos não sabiam de nada ainda?

Naquele momento eu tive uma ideia. Certamente não foi ideia minha, mas direção de Cristo, que habita em mim. Desviei o caminho para a igreja, onde começava o culto de mulheres (que acontece 1 vez por mês), mas pela providência divina, aconteceu naquele dia!

Foi uma hora e meia de choro… Mas foi nessa hora e meia, que Deus me pegou no colo, falou ao meu coração, enxugou as minhas lágrimas, derramou sobre mim o Seu infinito amor… Através de uma irmã, Deus me curou naquele dia!

Do câncer? Não… Ainda não! Mas do medo! Do desespero, da angústia de morte, da autopiedade… Saí dali quase aos pulos, e com uma certeza, que nada nem ninguém podem me roubar: EU VOU VIVER!

Eu não vou entregar a minha vida para um tumor, para uma depressão, sofrer e chorar!

Assim eu tenho feito!

Minha certeza e vitalidade são tão grandes, que convenci todos a minha volta! Hehehe.

Fiz 3 quimios vermelhas, que trouxeram ao menos uma dúzia de efeitos colaterais e levou cada fio dos meus cabelos. Mas eu fazia sorrindo! Agradecendo cada gota daquele medicamento que me ajudaria até a cura.

O cabelo? Passei a máquina no dia da primeira químio e me achei linda! Nunca usei lenço ou peruca (nada contra!). Mas ainda não foi dessa vez!

Fiz então 3 quimios brancas, adiando a cirurgia. Essa foi… Como chamar? Foi… Foi uma benção! Senti duas dúzias de efeitos colaterais, mas sorri a cada sessão!

Mas essa também não adiantou!

Se foi fácil? Na verdade foi bem doloroso! Mas Deus me sustentou, e cumpriu o combinado! Ele esteve comigo o tempo todo! Deus não fica devendo nada, a ninguém.

Inclusive esteve comigo em cada culto (não falto culto), em cada mergulho (meninas, não façam isso, pois o médico quase pirava de saber que eu ia à praia), em cada viagem, em cada festa, em cada visita à emergência do hospital de madrugada! Deus nunca nos abandona!

O tumor? Bem, esse foi de 5cm para 7cm, e apareceu outro de 4cm na mesma mama.

Então vamos embora para a mastectomia radical, com esvaziamento axilar, no dia 9 de abril de 2015.

Saí do hospital sexta, fui numa festa sábado e em dois cultos domingo… Fui num seminário na semana seguinte, e me dei alta para dirigir!

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Minha vida hoje?

Posso dizer que hoje sou consciente do meu valor para Deus!

E o próximo passo?

Caminhando para as quimios e rádios, com meu coração cheio de fé!

E enquanto isso?

Enquanto isso eu vivo! Vivo intensamente!

Quem determina o início e o fim não é o tumor! Esse já está derrotado, tanto pela vida, quanto pela morte!

Eu escolho a vida, e vida em abundância!

Ninguém é forte o suficiente para viver a realidade do câncer, mas com Jesus no barco, os ventos fortes e as ondas bravias, não são capazes de nos afogar!

Que Deus seja com cada uma de nós!

Lilian Craveiro


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